O Projeto de Lei 591/21, que prevê a privatização da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), foi aprovado pela Câmara dos Deputados no último dia 5 de agosto, após anos de discussões no setor político sobre o futuro da estatal. Agora, o projeto de lei segue para votação no Senado Federal.
A privatização se tornou favorável ao Governo Federal, pois, segundo Bolsonaro e o ministro da economia, Paulo Guedes, os Correios apresentaram um prejuízo de R$ 3,943 bilhões entre os anos de 2013 e 2016 fazendo a empresa não ser mais tão rentável.
As expectativas da possível privatização podem ser positivas e negativas, segundo especialistas. Para Leila Pellegrino, professora de economia do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT) na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) Campinas, os principais afetados negativamente pela mudança serão os funcionários dos Correios e as atividades comerciais que usam o serviço para fazer a ponte entre a mercadoria e o cliente.
“Agora neste tempo de pandemia, os Correios têm um papel importante de possibilitar o e-commerce. Uma possível privatização pode impactar todos esses agentes envolvidos que correspondem a uma parcela importante da atividade econômica nacional.”, ressalta a economista.
Já o professor de logística Mauro Schluter, também do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT) na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) Campinas, compartilha da análise de Leila e diz que os funcionários dos Correios serão um dos afetados, pois se anteriormente tinham estabilidade financeira, agora não terão mais.
Como consequência da privatização, quem também será impactado serão as cidades pequenas com a possível alta das tarifas do serviço.
“Como os Correios se tratam de uma estatal, o próprio governo estabelece uma tarifa bastante atrativa para envio de correspondência até para lugares onde não tem uma demanda de bens. Entretanto, a atividade econômica acaba sendo prejudicada em locais como, Amazônia, cerrado, caatinga, cuja densidade demográfica não propicia uma atividade econômica viável para geração de bens”.
Schluter explica que, neste caso, pode haver então um encarecimento de serviços, mas faz um contraponto.
“Por outro lado, a eficiência da nova empresa que irá assumir os Correios pode gerar uma diminuição das tarifas nos eixos de maior população, ou seja, nas capitais onde a atividade econômica é superativa”.
Leila também acredita que, uma vez que a empresa compradora da estatal terá liberdade para praticar o seu preço, esse fator poderá impactar na sua formação de taxas.
A economista diz acreditar que a privatização trará pouco benefício, tanto para o poder público, que irá receber o valor da empresa, quanto para a população no geral, por ser impactada negativamente caso a mudança não venha acompanhada de um controle das tarifas.
“É o mais provável de se acontecer. Isso pode prejudicar a atividade produtiva e a população, então teremos impactos negativos indiretos sobre a atividade econômica e sobre os resultados do governo”, afirma a professora.
Já Schluter analisa que as mudanças no âmbito político dependerão do que está previsto no projeto de lei.
“Acredito que não terá impactos. Não é como no caso da Eletrobras que botaram uma grande rede de energia elétrica no centro do país”.
O professor observa mais benefícios para a população com a privatização.
“Os Correios se tornaram bastante ineficazes nos últimos tempos em função da excessiva interferência política nos correios, não vamos nos esquecer do mensalão, quando começou uma descoberta de corrupção nos Correios”.
Sobre o futuro da estatal, Schluter cita ainda algumas possibilidades como, a união de empresas para fazer a administração dos correios, a aquisição pela AliExpress ou uma ideia mais utópica como a internacionalização da empresa.
“A DHL, um grande operador logístico mundial pertence ao Correios alemães, ou um brasileiro que também poderia ser uma empresa logística de âmbito internacional, mas nós sabemos que a política não busca eficiência e sim apadrinhamento de pessoas e recursos”, comenta.
Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie
A Universidade Presbiteriana Mackenzie está na 103º posição entre as melhores instituições de ensino da América Latina, segundo a pesquisa QS Quacquarelli Symonds University Rankings, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação.
Possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas.
Os cursos oferecidos pelo Mackenzie contemplam Graduação, Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado, Pós-Graduação Especialização, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.