Em duas décadas, Fortaleza poderá se transformar na principal cidade da América Latina, atraindo grandes empresas, importantes investimentos e formando e retendo talentos. A avaliação é do vice-prefeito da Capital cearense e superintendente do Instituto de Planejamento (Iplanfor), Élcio Batista, que foi o entrevistado da edição deste sábado (01) do programa In Connection, com Pompeu Vasconcelos.
De acordo com Élcio Batista, essa visão otimista de futuro para Fortaleza se dá por características próprias da cidade, como a localização geográfica estratégia em relação ao Oceano Atlântico e a outros continentes, mas também pelo trabalho que a gestão pública vem realizando hoje, como o planejamento de longo prazo, a formação de pessoas qualificadas para as demandas do mercado, a atração de investimentos e o fortalecimento de atividades como turismo, comércio e serviços.
“Fortaleza tem uma jornada que pode ser muito boa. Hoje, nós temos um plano de longo prazo, que é o Fortaleza 2040, estamos melhorando a educação de base e já lideramos no Brasil em relação à educação em tempo integral, atingimos as metas do índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) antes do prazo estabelecido, temos um programa de formação de professores que é muito bom, uma estratégia de desenvolvimento econômico baseada na aeroporto, nos cabos de fibra óptica e no fortalecimento do turismo, comércio e serviços e estamos formando muitos talentos. Precisamos desenvolver ainda mais a capacidade de formar, reter e atrair novos talentos, pois o que muda uma cidade, um País, uma sociedade, são as pessoas. Acho que Fortaleza está nesse caminho de ter pessoas com essas capacidades e habilidades para transformar a cidade em uma grande metrópole, em um lugar com muito bem-estar e qualidade de vida”, disse.
Mesmo possuindo uma boa estratégia de desenvolvimento socioeconômico, Élcio Batista reforça que ainda existem pontos que precisam ser explorados para fortalecer e acelerar o avanço da cidade, a exemplo da economia do mar e do potencial que a Capital possui para ser um grande centro e atrair a sede de empresas hoje espalhadas pelo Nordeste e outras regiões do País.
Cenário político
Durante a entrevista, o vice-prefeito de Fortaleza também comentou os acontecimentos políticos ocorridos no Estado nas últimas eleições, quando houve a divisão de um grande grupo político e ele decidiu apoiar o candidato a governador Roberto Cláudio (PDT), e não a candidatura do atual governador, Elmano de Freitas, apoiada pelo ex-governador, Camilo Santana, de cuja gestão Élcio foi chefe de gabinete e secretário-chefe da Casa Civil.
“Minha decisão foi baseada em três pontos. O primeiro ponto está relacionado com a decisão que foi tomada no diretório do PSB, partido do qual eu era secretário geral. O diretório, por unanimidade, tomou a decisão de apoiar qualquer candidato a governador do Estado pelo PDT, independentemente do nome que fosse escolhido. E o PDT criou um rito para escolher o candidato, que foi justamente no diretório estadual. O que fosse mais votado seria escolhido. Roberto Cláudio foi escolhido naquele momento. O segundo ponto foi que eu acredito em democracia. Eu respeito a democracia, as decisões democráticas. Todas as instituições respeitam o processo democrático e as tomadas de decisão que ocorreram pelo voto da maioria, como ocorreu naquele diretório. E o Roberto Cláudio foi escolhido democraticamente. Em terceiro lugar, sou o vice-prefeito de Fortaleza, tenho uma parceria com o prefeito Sarto, fomos eleitos juntos para governar a Prefeitura Municipal de Fortaleza e enfrentar desafios juntos naquilo que nos cabe até o próximo ano”, explicou.
Élcio Batista afirmou não ter se encontrado novamente com Camilo Santana após essa decisão, mas chegou a conversar com seu pai, Eudoro Santana. “Tenho o maior respeito, a maior admiração por todos eles. Esse processo eleitoral foi traumático para todas as pessoas que estavam envolvidas nesse momento, pois foi a ruptura de um grupo. Havia ali um grupo unido que envolvia Câmara Municipal de Fortaleza, Prefeitura de Fortaleza, Governo do Estado do Ceará e Assembleia Legislativa. Esse pacto se rompeu naquele momento. Todos tivemos que tomar uma decisão. Isso agradou a alguns e desagradou a outros. Faz parte também do processo político. O que eu acho importante é a gente respeitar as decisões. Eu respeitei a decisão de todas as pessoas. Não tenho e não terei inimizade com ninguém. Agora, as pessoas também precisam respeitar a minha decisão”, disse.
Passadas as eleições de 2022, Élcio avalia que o momento atual é de dispersão, onde os quadros estão buscando novos espaços e colocações. Ele, por exemplo, migrou para o PSDB. “Então, vai demorar um tempo ainda, talvez até o próximo ano, quando vierem as eleições municipais, para que a gente construa uma nova configuração aqui no Ceará. Mas eu posso dizer que a mesma coisa está ocorrendo nacionalmente”, avaliou.
Sobre seu futuro na política, o vice-prefeito de Fortaleza prefere deixar “as coisas acontecerem no seu tempo”, mas lembra que um projeto de candidatura a um cargo majoritário – prefeito, governador, senador, presidente da República – depende de três aspectos: contexto, alianças e liderança. “Eu não tenho nenhuma vontade de ser candidato a qualquer custo. Uma candidatura surge a partir desses três elementos”, finalizou.
In Connection
O programa In Connection, com Pompeu Vasconcelos, é exibido todos os sábados, às 11h30, na Band. O programa também fica disponível no YouTube.
Assista à íntegra da entrevista com o vice-prefeito de Fortaleza, Élcio Batista.