Patrícia Kogut: Na pandemia, realities e ‘streaming’ reafirmam o papel da TV de congregar em casa

RIO – Em março de 2020, quando a pandemia chegou ao Brasil com força e o isolamento social se impôs, o primeiro movimento do público foi buscar a informação.

Telejornais na TV aberta e paga e os sites de notícias alcançaram índices de audiência só comparáveis aos do início do século, quando não havia redes sociais e a internet engatinhava.

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No entanto, à medida em que as mortes se multiplicaram e a realidade foi ficando mais e mais sombria, a busca por notícias continuou relevante, mas o público se voltou progressivamente para o escape da ficção.

O consumo de séries no streaming aumentou consideravelmente. Na TV aberta, se as reprises não decepcionaram, o hit histórico de audiência foi do “Big Brother” que, não à toa, muitos chamam de “novela da vida real”.

João Luiz, um dos participantes do BBB 21: com novelas em reprise, drama da vida real mobiliza brasileiros que passam mais tempo em casa Foto: Foto Reprodução TV Globo. / Agência O Globo

Em todos esses cenários, um ponto é comum: a televisão reafirmou seu papel de congregar as pessoas em casa. Foi um escape e um meio de diversão num momento tão duro.

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Não dá para falar de mudança de comportamento do público durante a Covid-19 sem tocar em alfabetização digital. O momento acelerou esse processo e abreviou o caminho. Quem não dominava as redes aprendeu, mesmo os mais velhos.

É uma acepção que se confirma numa pesquisa publicada pelo Kantar Ibope Media em março sobre a força do entretenimento na TV. O estudo diz que 62% dos entrevistados aderiram à tecnologia nesse período.

Um outro levantamento, esse feito pela estudo da Sherlock Communications em toda a América Latina, revelou que 70% dos brasileiros assinou pelo menos uma plataforma de streaming ao longo do ano que passou. As séries deixaram definitivamente para trás o lugar de “programa de nicho”.

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William Bonner e Renata Vasconcellos à frente do Jornal Nacional: busca por informação no início da pandemia elevou a audiência dos telejornais na TV aberta Foto: Reprodução

Prova disso é o movimento registrado pelo Google Trends de 22 a 28 de março deste ano: o termo “melhores séries” teve pico de buscas, assim como “melhores filmes”. A procura pela palavra “streaming” também disparou.

Entre as principais perguntas dos internautas está “o que é streaming?” seguida do nome dos serviços disponíveis no Brasil. E a interrogação “ao que assistir?” também se tornou campeã. Ela teve um pico agora, em abril, coincidindo com o recrudescimento das medidas de isolamento em várias regiões.

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Há muitos estudos que buscam mapear os comportamentos numa época tão extraordinária e fora dos padrões. Mas todos são unânimes em apontar a força dos reality shows. “BBB” 21 e “A fazenda” 12 foram os foram os programas de TV mais comentados do Twitter no mundo em 2020.

Títulos da plataforma Globoplay: horas de consumo mensais na plataforma aumentou mais de seis vezes na pandemia Foto: Divulgação
Títulos da plataforma Globoplay: horas de consumo mensais na plataforma aumentou mais de seis vezes na pandemia Foto: Divulgação

E o Globoplay passou de um patamar de 40 milhões de horas de consumo mensais nos meses imediatamente anteriores à pandemia (outubro 19 a fevereiro 20) para 253 milhões de horas em março de 2021.

Grande parte dos recém-chegados ao serviço veio puxada pelo programa da Globo. Com as novelas em reprise, o “BBB” é o drama que os brasileiros em peso acompanham com interesse.

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Quando tudo isso passar, como vai ficar esse cenário? A aposta dos especialistas é de que os espectadores estarão irremediavelmente capturados para as plataformas que emergiram e ganharam tanto fôlego.

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